O ar frio da manhã parece uma cortina que encobre o céu deixando-o num tom de azul clarinho, quase branco e, esconde o sol. que timidamente ainda não consegue deixar sombras.
Embaladas pela brisa, as plantas balançam suavemente suas folhas que lembram lenços agitados nas despedidas. Tudo é silêncio e solidão. Nem os pássaros hoje vieram para seu banho matinal.
Dou bom dia aos meus gatos.
White me responde com seu costumeiro miado e como sempre quer água.
Acreditem, tenho um gato viciado em água. A qualquer hora, sempre que me vê, quer água. Água corrente.
Claro que eu fico ali esperando ele saciar sua sede para depois fechar a torneira. (Ou será que o que ele quer mesmo é minha companhia?)
Como todo gato, White gosta de se sentir livre e por isto mesmo odeia portas fechadas.
Agora, com o friozinho da manhã e a corrente de ar que passa pelas portas acho melhor deixá-las fechadas e nem preciso dizer que acabo me transformando em sua porteira. É um entra e sai…
cada vez que quer fazer isto me chama, melhor, mia.
Pior é que não se decide se quer ficar dentro ou fora.
Credo, parece galinha choca sem ninho!
Na verdade ele é como minha sombra. Gosta de estar onde estou. Acho que é carente ou então pensa que é gente.
Gato parece menos inteligente que canhorro, mas na verdade é muito mais esperto que nós. Nos usam e ainda se dão ao luxo de ficar de mal quando não são atendidos.
Ontem à noite, minha gata “Fofa”, estava emburrada. Motivo: ficou tempo demais no jardim.
Ela é diferente de White e não mia para nada. Assim, quando quer entrar e encontra a porta fechada simplesmente se posta diante da porta e fica ali, parada feita uma estátua, esperando que alguém a abra para ela.
Como demorei a descobrir que ela queria entrar,emburrou.
Foi direto para o seu “posto”. Ali se sentou de costas para mim e não me olhava por nada deste mundo, nem para a comidinha que esquentei para ela. Precisei pegar no colo e colocar diante do pratinho e fazer uns carinhos para desemburrar.
Pode!!!Eita gatinha birrenta, mal humorada e ranzinza.
Tá certo que preciso respeitar seus 18 anos, mas ela bem que podia mudar o geniozinho, afinal toda manhã eu a levo para tomar sol e a escovo. Poderia ser mais agradecida, a gorducha.
White é muito ciumento. Quer sempre o lugar de Fofa para dormir. Quando chega a noite eles disputam para ficar perto de mim e, não raro, acabo como uma estátua no sofá com uma gata gorda deitada ao lado e o outro me fazendo de colchão.
São pesados os bichanos, acho que pesam mais de 5 quilos cada um. Nem posso me mexer e até respirar é difícil mas, vai fazer eles entenderem isto.
Quando preciso mudar de posição é um sacrifício.
White se faz de desentendido, tento levantá-lo para o colocar no encosto do sofá mas ele solta o corpo e, ora é uma pata ora é outra que está pendurada. Na verdade ele não quer sair e então dificulta o que pode, parece uma geléia que escorre pra todo lado.
Fofa é estressada e me mostra os dentes quando preciso levantar porque odeia ser incomodada. Seus olhos azuis profundos me fitam como a dizer: faz favor de ficar quieta que eu quero dormir!!!!
Tornei-me, por gosto, escrava dos felinos, mas não me importo. Nos fazemos companhia e sempre recebo o carinho deles.
São meus amigos reais e verdadeiros que vem lamber minhas lágrimas quando estou chorando ou me beijam com seus narizes gelados nos momentos difíceis, como a dizer: Eia, avante!
Nos conhecemos tão bem… afinal são quase 20 anos de convivência.
Terminei o café da manhã e o sol começa a mostrar sua cara, embora timidamente.
O céu, agora mais azul, promete um dia lindo e quentinho. Abro a porta para que eles possam curtir o solzinho.
Daqui à pouco estarão os dois de papos para os ar aproveitando o calor do sol e a paz do jardim.
Que bom vê-los assim… anjinhos inocentes!