domingo, 20 de julho de 2008

Poeta e lago

São feitos, poeta e o lago,
Da mesma matéria prima.
Diante deles... divago...
E navego pelas rimas.

O poeta alinhava a vida
Com a linha tênue da emoção
Pois a viagem é só de ida
E quem conduz é o coração.

A alma do poeta
É sempre inquieta.
No lago, a água só balança
Quando sopra a brisa mansa.

Em sua superfície calma
Há uma doce sensação de paz.
Ali, lava-se o corpo e a alma,
E a vida, magicamente, se refaz.

Quem fica à sua margem
Passa horas a admirá-lo,
Além de sentir sua aragem
Aprende também a amá-lo.

Ambos trazem na aparência
a calma e a inocência.
Oferecem ao mundo mais beleza
Nos versos e na natureza.

Quando reina a calma
Nas águas e na alma
O mundo fica mais bonito
O lago reflete o infinito.

Mas para conhecê-lo bem
É preciso elevar-se, voar alto
E, ver-se refletido também,
Qual personagem em um palco.

Só quem dentro dele mergulhar
Poderá descobrir um tesouro oculto
Riquezas de uma vida a borbulhar
E, sair mais leve, mais culto.

Mas não seja afoito, vá com cuidado!
Não remexa na profundeza...
Não traga à tona o que está guardado...
Não turve os olhos com águas de tristeza.

Águas calmas, sem corredeiras,
Podem ocultar armadilhas certeiras.
É preciso ir devagar, perceber o perigo
E, cuidado, pra não ferir um amigo.

São parecidos enfim, o poeta
E o lago profundo
Um, com palavras te inquieta,
Outro , te arrasta pro fundo.

Angela Leda
02/04/2007

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