Um presente mais que especial.

Este camafeu (escapulário) era de minha mãe. Sua origem não sei. Quando nasci ela já o possuía. É de prata e, dentro portava um terço muidinho. Assim ela o trazia sempre ao pescoço e usava  o tercinho para suas conversas com Nossa Senhora.

Sou o que se chama de raspa de tacho, ou seja, aquela que nasceu quando ninguém mais esperava. Minhas irmãs, já adultas, umas casadas e outras namorando, cuidavam-me como se fosse um troféu a ser disputado e tudo que eu queria, imagino que não me negavam. Assim dizem, que um dia brincando com o tal camafeu, abri a tampinha e perdi o valioso tercinho.

Claro que  não me lembro de nada porém, sempre me senti um pouco culpada e há muito tenho procurado outro para restituir, mas minhas buscam não tiveram muito sucesso. Encontrei  alguns, porém não pequeno o suficiente para caber na caixinha.

Esta semana conversando com a “Sha”, uma amiga que conheci na net e que há mais de um ano tive o prazer de conhecer pessoalmente, perguntou-me se eu havia recebido uma carta sua.

Não havia recebido nada e fiquei preocupada pois ela disse que fazia algum tempo e que dentro havia uma lembrancinha para mim.

Fiquei pensando naquilo.

No dia seguinte tocou o interfone. Um rapaz que trabalhara como pintor na minha casa anos atrás, me pedia ajuda para comprar uns remédios. Conversamos e depois perguntei se ele ainda estava trabalhando pois precisava de alguém para pintar um imóvel que fica próximo à minha casa. Ele disse que poderia fazê-lo e assim peguei a chave para que ele pudesse ver o que precisava ser feito.

Quando abri a porta… surpresa !!!

Lá estava a Cartinha da Sharlene. Abri e com curiosidade de menina fui logo lendo a cartinha e o cartão. Palavras tão carinhosas que me fizeram marejar os olhos. Depois abri um pequeno pacotinho..Dentro… um tercinho. Claro que naquele momento as lágrimas viraram cachoeira.

Sabe, acho que Nossa Senhora enviou-me o tercinho que tanto procurava através das mãos de Sharlene. Corri, imediatamente pegar o camafeu e ele aninhou-se direitinho alí dentro, como se ali fosse o lugar dele desde sempre.

Quem pode imaginar uma coisa destas. A Shá, jamais soube do meu desejo e agora a lembrança de minha mãe e de minha “filhota do coração” ficarão sempre unidas e as levarei bem pertinho do meu coração.

Obrigada, “Minha Senhora” por colocar em minha vida pessoas tão especiais e fazer acontecer através delas pequenos milagres como este do tercinho.

Obrigada de alma e coração Sharlene, pelo presente tão especial.