quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Quando descobri que Papai Noel não existia

 

581

O tempo anda veloz, veloz demais para o meu gosto. Não damos mais conta dos compromissos.  Coisas boas como abraçar os amigos, desejar pessoalmente boas festas definitivamente ficaram no passado.

Alguém acelerou a roda do tempo, deu corda demais no relógio e agora para todos os lados que olho parece que vejo sempre o coelho da história da Alice a olhar para um grande relógio a dizer: Estou atrasado!

Quando era menina, o tempo andava lento como os carros nas ruas. Os dias eram longos como as conversas nas varandas.

O Natal custava a chegar e era sempre muitos esperado pelas crianças.

Somente no Natal se podia ganhar algum presentinho, pois não se comemorava o aniversário (quando muito se puxava as orelhas no número de vezes que fazia os anos).

Os presentes eram coisas simples como bonecas de louça e carrinhos de madeira, mas eram ansiados e cuidados depois por todo o ano seguinte.

Na véspera do Natal, as crianças eram orientadas a cortar capim para o cavalinho do Papai Noel. (Não sabíamos que o “cavalinho” na verdade eram renas). Colocava-se o capim em um pratinho ou sapatinho e o deixava toda a noite na janela, pelo lado de fora.

Durante a  noite, a mágica  acontecia. Papai Noel deixava um presente enquanto seu “cavalinho” comia todo o capim.

Somente as crianças boazinhas ganhavam presentes, mesmo!

Eu era a última dos 7 filhos e, quando nasci, minhas irmãs eram já adultas  e duas eram casadas e tinham filhos. Assim, sozinha e não tendo com quem brigar, sempre fui muito boazinha. Mas, tinha uma sobrinha, dois anos mais nova que era um terrorzinho. Quebrava meus brinquedos e me batia. Porém, o castigo era sempre para as duas, não importava quem começava ou quem apanhava.

Na semana do Natal a expectativa das crianças era grande. Vinham para a minha casa minhas irmãs casadas e seus filhos. Os adultos se preocupavam com os preparativos da festa. Não tendo supermercado, alguns meses antes meu pai comprava leitoa, cabrito e galinhas e na véspera os matava. Era um dia de grande tristeza para mim. Não podia ouvir os gritos dos bichinhos e nem ver meus amiguinhos morrendo.

Mas, a espera do Papai Noel superava qualquer coisa.

Tinha eu 4 ou 5 anos e, pela euforia, não conseguia dormir.

Pensando que todas as crianças já estavam dormindo, os adultos começaram a colocar os presentes e eu ouvi claramente quando minha irmã perguntou ao meu pai onde estava o meu presente.

Ele disse que havia se esquecido de comprar. Não sei o que foi mais terrível: descobrir que Papai Noel não existia ou perceber que meus pais haviam se esquecido de comprar o único presente do ano para a caçulinha.

Engoli o choro para não perceberem que eu estava acordada.

Assim, com os sonhos espedaçados e o coração partido passei boa parte da noite. Na manhã seguinte ouvia o riso alegre dos meus sobrinhos abrindo seus presentes. Eu não queira ir até à sala pois sabia que não havia nada para mim.

Mas, minha irmã me chamou para ver o que eu tinha recebido. No meu pratinho havia uma garrafinha de guaraná. Foi o que eles puderam pensar naquela hora da noite. Confesso que não foi fácil engolir o líquido nem me esquecer dos olhos que me fitavam com pesar.

Nunca reclamei por não ter recebido meu presente, mas também nunca mais me esqueci do dia em que fui esquecida pelo Papai Noel.

Hoje, penso nas crianças que nunca puderam ter um natal com brinquedos, com fartura na mesa e agradeço a Deus a vida que tenho. Apesar de tudo, sou uma felizarda. Tive família, noite de Natal e também alguns brinquedos.

Aquele que não recebi serviu para aprender a não valorizar tanto as coisas materiais e que no Natal o que importa mesmo é a união da família, a paz e o amor.

16 comentários:

Vinicius Giglioli disse...

Pelo visto eu não sou a única pessoa com insônia aqui.

Vim te fazer uma visita por aqui, não é como as tardes agradaveis de aprendizado que tive com você nesse ano, mas já quebra um galho. hehe

Eu não sei o que aconteceu comigo do sobre o papai noel, eu acho que nunca pensei nisso.

Eu nunca tive boas lembranças do natal e ano novo, acho que fui possuído pelo mal agoro de antisocialidez e por isso evito um pouco.

Queria desejar para você e sua família tudo de bom nesse ano que chega.

Beijos te adoro muito..

Hod disse...

Olá Angel,

Sempe ao longo da vida vamos retirando de nossa vida o que não faz sentido.
Mas mesmo assim existem bilhões que ainda forçam a idéias com mil e uma justificativas.....Talvez num futuro longinquo essa idéia caia em alguma mitologia.

Forte Abrço,

Hod.

Paola disse...

Olá Angel, grazieeeee!
Você usou as palavras bonitas que eu mudei muito bem ... Estou contente por tê-lo comunicado esses sentimentos e feliz por ser um amigo especial ... você está da mesma forma e talvez um dia nós nos encontramos realmente!
Natal sempre dá um pouco de história ... Espero que este Natal é cheio de surpresas mágicas!
Melhores desejos para você e sua família ... um forte abraço ... bacioni!

Achab disse...

Ciao Angel,Buon Natale,un bacio.

~❤ ~º♥º ~Graciete ~º♥º~❤ ~ disse...

Minha querida acabei de chegar e vim só te deixar um beijinho com sabor a filhó de Natal.
E mais um beijinho de luz em teu coração.
Sua amiga Franciete

angela disse...

Fiquei um Natal sem dormir para esperar o Papai Noel e ai....descobri, mas tem razão o melhor de tudo é oder estar junto das pessoas que a gente ama.
Beijosparkath

amatamari© disse...

In ritardissimo ti auguro di passare serenamente queste Festività Natalizie!!!

~❤ ~º♥º ~Graciete ~º♥º~❤ ~ disse...

Minha querida amiga como eu me revejo na sua infância, pois nem queira saber a minha desilusão que passava todos os anos, eu também tenho uma postagem já mais antiga a contar o natal da minha infância.
Mas vale sempre a pena recordar, são estes os valores que temos para deixar aos nossos netinhos.
Beijinhos de luz em seu coração

Sonia Schmorantz disse...

Receita de ano novo 
de Carlos Drumond de Andrade
 

Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo 
até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, 
não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 
 

Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumidas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 
 

Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.

Que em 2010 Deus o abençôe com saúde, paz, muito amor e um bom trabalho!
abraço

Hod disse...

Se o esperado não aconteceu, continuamos com fé colocando a Vida para Rodar. Se aconteceu comemoramos com a sonoridade e muita alegria..
Tim..Tim..
AGora é pular as ondinhas e correr para o abraço em 2010....

Alôha com infinitas bençãos!!!

Beijos e Forte abraço,

Hod.

. disse...

O nosso caminho é feito
Pelos nossos próprios passos...
Mas a beleza da caminhada...
Depende dos que vão conosco!

Assim, neste NOVO ANO que se inicia
Possamos caminhar mais e mais juntos...
Em busca de um mundo melhor, cheio de PAZ,
SAUDE, COMPREENSÃO e MUITO AMOR.

Um ótimo 2010.

Olavo.

Adriana Alba disse...

angel, tienes un espacio muy cálido,te envío un abrazo luminoso desde Argentina, Feliz 2010!!!!

Tentativas Poemáticas disse...

Oh amiga! Eu cheguei a ver a mão do Pai Natal!... Foi no ano em que ele me ofereceu uma caixinha em madeira para colocar os lápis, daquelas que tinham uma tampa de correr em duas ranhuras. A caixa partida foi vendida mais barata. Então o meu pai, desenhador de navios mas com doença prolongada, com pouco dinheiro, comprou um martelinho e uns preguinhos de sapateiro para arranjar a caixinha.
Bonita e envolvente a sua história.
Que o ano que se aproxima lhe traga tudo aquilo que ambiciona, amiguinha.
Beijinhos
António

Alvaro Oliveira disse...

AMIGA ANGEL

VENHO DESEJAR-LHE UM ANO NOVO 2010 MUITO FELIZ, CHEIO DE LUZ, PAZ, AMOR, FELICIDADE E SAÚDE.

TEM UM SELINHO DAS 4000 VISITAS PARA SI, EM MEU BLOG. PASSE POR LÁ PARA O RECEBER. OBRIGADO

BEIJOS

ALVARO

Tais Luso de Carvalho disse...

Oi, Angel, comovente esta sua história de Natal. E claro que jamais se esquece disso.

Hoje vim lhe desejar um lindo ano, de muita paz e saúde. E muitas realizações.

grande beijo.
tais luso

Sândrio cândido. disse...

acho que não sou o unico a acreditar que o tempo ja não espera e nos não temos tempo para viver este tempo mas somente para planejar outros tempos...
abraços e bom ano