sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Favorita


Favorita!
Este é o nome da novela que acaba hoje.
Quase não assisto novelas e quando o faço, geralmente o faço quando já está em seu final.
Sou muito mais uma observadora crítica do que simplesmente expectadora.
Atualmente estou acompanhando A FAVORITA.
Adoro observar, principalmente falhas como a do outro dia quando a personagem Flora, depois de cair de um prédio, foi levada ferida em uma ambulância que corria à toda pelas ruas e conseguiu atacar o enfermeiro (naquele espaço minúsculo), sair da ambulância em movimento e, o mais fantástico... fechar a porta por fora! Tudo isto sem que ninguém ouvisse nada, visse nada, nem os policiais que escoltavam a ambulância.
Essa nem os cineastas americanos pensaram... nem um "Rambo da vida" seria capaz...
Mas, casos à parte, vamos aos fatos.
No desenrolar da trama duas personagens duelam: Flora e Donatela.
Quem seria a principal personagem?
Para mim é a Flora (interpretado brilhantemente pela atriz Patrícia Pilar).
Bem, se ela é a principal, então a novela não poderia chamar-se A FAVORITA mas sim A PRETERIDA.
O autor: João Emanoel Carneiro consegue escrever capítulos que prendem sempre a atenção e consegue um ótimo ibope, mas peca em alguns aspectos como: o capítulo em que a Donatela "comove" Flora e esta fica toda derretida e se revela extremamente carente do amor da irmã.
Muita gente até começou a ficar com peninha dela.
Afinal, Flora é uma psicopata fria e calculista ou uma menina carente?
Se Flora é uma assassina psicopata e, como tal, fria e calculista jamais se deixaria levar por uma bonequinha e caído nos braços da irmã postiça.
Se Flora é uma injustiçada, então a vilã seria Donatela.
Este tipo de coisa não muito clara leva muitos telespectadores a duvidar do que é certo ou errado.
Começamos a pensar que o assassino de Eloá era carente do amor que ela negava a ele e assim por vingança a matou .
Tudo isto me fez lembrar dos filmes antigos de faroeste.
As cenas, invariavelmente, começavam com um ataque à uma casa onde o homem estava ausente e a mulher e os filhos eram mortos.
Quando ele retornava ao cenário do crime, via a desgraça. Saía louco de ódio à caça doa assassinos.
E, todo o desenrolar da trama baseava-se na busca dos criminosos, em estratégias, em emboscadas... até que o último bandido caísse morto e aí o cawboy virava herói e o público aplaudia no final.
Esta imagem era passada de modo positivo, afinal ele estava resgatando a honra.
Mas novamente eu me pergunto: Só quem sofre perdas físicas, como a morte, pode se sentir ferido?
Quem sofre perdas emocionais sofre menos?
Não quero fazer apologia aos psicopatas, mas será que ser preterida pelo próprio pai que ama e apóia uma filha adotiva, que ser abandonada no sonho de ser cantora na hora em que o sonho ia acontecer, ou ser abandonada pelo homem que você ama não é dor suficiente?
Repito, não quero com esta minha divagação culpar ou inocentar ninguém, nem tampouco dizer que pessoas que agem como Flora não devam ser presas, afastadas do convívio social.
Acho somente que essas pessoas sofrem ou, então sofreram, ao ponto de dizer: basta, agora eu me tranquei ao sentimento porque não quero mais sofrer e, assim, se tornaram frias aos olhos do mundo.
Hoje chega ao fim mais uma trama.
Vamos ver o que o nosso autor reservou ao público.
Eu, só tenho certeza de uma coisa: esta vida é muito complicada e, tudo tem sempre dois lados.
Toda história tem sempre outra versão.
Até a história da humanidade não é justa e acabada porque a cada novo elemento que surge mudam-se as teorias e as verdades.
Tudo é sempre muito complexo. A mesma coisas podem ser vistas de muitos ângulos.
A mesma guerra (como a que ocorre agora na Faixa de Gaza) tem duas verdades, depende de qual lado do conflito você está e de quem relata os fatos.

Um comentário:

LC disse...

Eu não assisto novela, assim como vc mal assisto TV, mas nos esses tempos a única coisa que me fez sentar por algumas horas frente a TV foi CAPITU (amei).
Mas sou apaixonada por comentários assim como os seus, ou crônicas assim, porque mesmo seu eu ver a novela consigo captar um angulo interessante da mesma.
Na minha mente esse conceito todo é confuso, fico na dúvida se o autor amarrou bem os fatos ou se os atores deram vida ao que passou na tela.
Agora quanto a verdade eu ainda acho que são 3. A verdade é a minha, a sua, é a de alguém sem a emoção de nós, onde na realidade estão os fatos.
Ainda creio que contra fatos não há argumentos.
Forte abraço.