quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Nascemos para amar

Nascemos para amar; a humanidade
Vai tarde ou cedo aos laços da ternura.
Tu és doce atrativo, é formosura,
Que encanta, que seduz, que persuade.

Enleia-se por gosto a liberdade;
E depois que a paixão n'alma se apura,
Alguns então lhe chamam desventura,
Chamam-lhe alguns então felicidade.

Qual se abisma nas lôbregas tristezas,
Qual em suaves júbilos discorre,
Com esperanças mil na idéia acesas.

Amor ou desfalece, ou pára, ou corre;
E, segundo as diversas naturezas,
Um porfia, este esquece, aquele morre.



Num mundo onde a cada segundo se empobrece a nossa língua, onde impera a pobreza dos "Créus" e do pancadão, onde o amor perde a vez para a lascividade; fui buscar um soneto, ( porque é assim que se chamam as poesias escritas com quatro estrofes, sendo os dois primeiros com três versos e os dois últimos com três) de um grande poeta e escritor português chamado Manuel Maria Barbosa Du Bocage.
Ele também, para a sua época (1.765-1805), tinha uma vida desregrada e muitas vezes sua obra também descambava para a produção vulgar. Foi preso e morreu com apenas 40 anos.
Neste poema, podemos perceber porém como sua alma sabia muito bem o caminho para a felicidade. Começa dizendo: nascemos para amar. Só que temos livre arbítrio sobre nossas ações. E assim, uns sofrem por amor, outros enlouquecem de paixão, outros fogem por medo, e outros fazem do amor a razão de suas vidas.
Não importa de qual tipo de amor falemos, seja o amor entre duas pessoas, entre irmãos, o amor aos pobres, às causas sociais enfim... importante é amar... Eu acredito no amor, e você?

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