Meu tesouro

 

Não tem tesouro maior que a amizade.

Os amigos verdadeiros valem mais que pedras preciosas e como tal hoje está cada vez mais raro encontrarmos.

Sou feliz porque faço amigos com facilidade. Como já tive a oportunidade de contar aqui e, cada dia mais, vejo quantas pessoas lindas de alma e coração também estão garimpando este tesouro chamado “amizade sincera”.

Mas hoje quero falar também de pequenos tesouros. Bem, pode parecer pequenos para algumas pessoas mas, para mim, são de valor  inestimável.

Muitas pessoas quando vão viajar ficam loucas à procura de souvenir e acabam lotando malas com eles como se eles fossem a razão da própria viagem.

Sou um pouco diferente. Gosto de apreciar aquilo que estou conhecendo. Sou mulher de detalhes. Cada pequeno ângulo me encanta, seja  de uma construção antiga, de uma ruína, de um palácio, de uma árvore, de uma flor, de um pôr de sol, de um lago, de uma praia…

Gosto de saber a história do lugar, as pessoas que lá viveram, as lendas, os costumes.

Gosto de saborear o gosto dos alimentos típicos e sentir o perfume de cada cantinho que conheço.

Desses lugares trago sempre uma lembrança. Uma lembrança que me remeta imediatamente ao momento em que a  escolhi. Que encha meu coração com a mesma alegria daquele dia.

Para muitos pode parecer apenas bobagens, mas essas pequeninas coisas são para mim um tesouro.

Trago:pedrinhas, folhas, flores, tickets, sementes, conchinhas…

Apresento agora à vocês um pouco de meus tesouros e conto o significado deles e depois me digam se estou errada.

 

Praia da cidade de Porto Recanati, no mar Adriático. Ainda sinto meus pés pisando essa praia feita de só de pequenas pedrinhas. Uma massagem para o corpo e para a alma.

 

Este é o Rio Ádige que serpenteia por Verona. Do outro lado da margem se pode ver a Verona mais antiga, onde surgiram as primeiras construções romanas.  (Verona foi  fundada pelos celtas e depois colônia romana no ano de 89).

E este é o lugar favorito de Kátia, uma amiga que conheci através da internet. Apresentou-me Verona através de seus olhos apaixonados, olhos de quem ama sua cidade. Ela sabe tudo sobre ela, conhece cada cantinho e a história de cada lugar, afinal ela também trabalha como guia lá.

Imagine ser anfitrionada por uma pessoa assim.

Nesta margem do rio existem muitas árvores chamadas Tílias cujas pequenas flores exalam um doce perfume no ar nesta época do ano. Curiosamente as flores saem do meio de cada folha. Impossível não guardar uma delas.

Esta é aigreja de San Giorgio Martire na cidade de Sanguinetto. Nesta igreja meu avó foi batizado em 1865 e se casou em 1887.

Dá para imaginar a minha emoção?!

Estas folhas são das oliveiras que estão plantadas  em frente.

Os muitos “biglieti” das andanças me lembram as muitas pessoas que conheci e que bastaram poucas horas ou minutos de viagem para nos tornarmos  amigas a ponto de trocar cartões com telefone e endereços.

   

Na cidade de Trento conheci “Bepe”. Um possível parente. Na verdade era a primeira vez que nos víamos mas parecia que sempre vivemos próximos. De sua casa trouxe a lembrança de uma flor típica das montanhas da região. A Stella Alpina no vaso e agora dentro da minha agenda.

Falando em montanhas, você sabia que as montanhas que formam o chamado Pré Alpi são formadas por dois tipos de rochas diferentes? Algumas são de origem calcária, formada do fundo de um mar antiquíssimo e ainda se pode encontrar conchinhas em forma de fósseis . Sua cor é branca. “I Dolomiti” são montanhas de origem calcária. A rocha da esquerda é dessa montanha.

Já as montanhas conhecidas como “Adamelo” são de origem vulcânica e por isto mesmo sua formação rochosa é granito. Este fragmento da direita chegou até ali devido as geleiras (Era glacial) que ao se movimentarem carregaram fragmentos e os espalharam pelos vales. Duas rochas, duas histórias.

   

Nas montanhas de lá crescem também os “ciclamini”. São plantas bem pequenas e difícil de se ver, principalmente quando se está de carro. Mas, meu amigo viu, parou o carro e colheu estes para mim. Impossível não guardar esse tesouro.

Pertinho do lago de Idro tem um belo parque e muitas árvores. Alí recebem o nome de Acero. Parece o Plátano, originário do Canadá, diferenciando-se somente na forma dos frutos.

Sabe que ainda conserva incrivelmente sua cor verde como naquele dia? Talvez nós também devêssemos conservar sempre  verde nossa esperança de dias melhores.

Agora que já reparti com vocês meu tesouro desejo a todos uma semana linda e que possam descobrir tantos tesouros quanto eu.

Mesmo em uma cidade cinzenta ou poluída sempre existem jóias escondidas. São como diamentes em um rio. Sempre se escondem em meio aos cascalhos. Basta saber procurar.