terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Um presente do passado!



Minha avó paterna, que pra nós era sempre chamada Nonna, chamava-se Oliva.
Nasceu numa pequenina cidade chamada Maccacari,da província de Verona Itália.
Nasceu no dia 16 de novembro de 1866 e se casou na cidade de Sanguinetto no dia 25 de janeiro de 1887.
Se fosse viva teria 142 anos. Só de casamento teria 122 anos. Mais de um século!

Tudo tão distante no tempo!!!
Infelizmente, quando eu nasci ela já havia morrido portanto não a conheci, mas sempre ouvia falar da nonninha.
Soube, através das histórias contadas e recontadas pelo meu pai, de toda origem e também dos costumes que tinham quando ainda moravam na Itália.
Creio que naquele tempo a maioria das famílias, principalmente as mais pobres, famílias que trabalhavam no campo, não tinham aquecimento nas casas e para suportar o duro inverno precisavam ser criativos. Neste período difícil, de muita neve, nem os animais suportariam ficar ao relento e assim uniram as duas coisas.

O estábulo onde ficavam as vacas no inverno era sempre construído ligado à casa. Assim, sem sair de suas casas, podiam alimentar o gado e também o calor dos animais ajudava a aquecer o ambiente. O feno também servia como agente de calefação.
Neste local as crianças brincavam de escorregar nos montes de feno, as mulheres aproveitavam para remendar, fazer crochê ou simplesmente conversar e os homens arrumavam ferramentas para o trabalho no campo e é claro não podia faltar sempre "un bicchiere di vino". Os jovens aproveitavam para trocar alguns olhares e fazer projetos futuros.
Provavelmente neste filo, que é como se chamavam estas reuniões, minha avó aprendera a fazer cestos usando a palha do milho.
Este tipo de trabalho artesanal a acompanhou para sempre, até quando já bem velhinha, resolveu fazer uma para cada neto, como recordação.
Infelizmente eu não a conheci pois ela morreu em 1951 e eu nasci em 1955. Desse modo eu não herdei uma cestinha feita por ela.
Recordo-me dos tempos de criança de que havia duas delas em minha casa, mas já bastante usadas que o tempo se encarregou de destruí-las.
O tempo passou, mas a lembrança delas era nítida em minha mente.
Um dia a vida me aproximou de um primo de terceiro grau chamado Miguel.
Pertencemos à mesma Sociedade Italiana cujo objetivo é preservar os usos e costumes dos nossos antepassados.
Contei a ele sobre a cestinha que minha a vó fazia.
Aí o destino se encarregou do resto.
Ele recontou a história à outra prima, também distante da qual eu nunca tinha ouvido falar, chamada Dileika.
Ela morava em São Paulo e havia se mudado para a minha cidade à pouco tempo.
Sorte, acaso? Não sei...
Não é que ela havia tinha uma dessas cestinhas feitas pela minha avó?
Ficou com ela porque minha nonna era cunhada da sua avó e resolveu presenteá-la também.
Dileika achou que a cestinha estaria melhor comigo e me fez este grande presente. Portanto, hoje guardo com todo o carinho do mundo uma cestinha, feita pelas mãos já cansadas de minha avozinha, lá pelos anos 50.
Uma cestinha que tem quase 60 anos de idade, feita de palha e que resistiu ao tempo e chegou até minhas mãos.
Parece um milagre!
Pois é, minha vida é tal como colcha de retalhos. Feita de pedacinhos, ora mais coloridos , ora mais apagados, mas todos importantes na confecção do meu aprendizado. Este certamente é mais um dos pedacinhos coloridos.
Quero agradecer de coração à Dileika pelo presente belissimo que me fez, ao Miguel que permitiu que isto fosse possível e, quero também com este texto, fazer uma homenagem não só à minha vó, mas a todos os imigrantes que partindo de suas terras arriscaram-se na promessa de fazer América.
Guardaram em seus corações a saudade de sua terra natal mas souberam transmitir aos seus descendentes valores e ensinamentos muito ricos de doação e generosidade.

Angela
2008

16 comentários:

LC disse...

Que bonito ISSO.
São surpresas em forma de cestas que fazem a vida valer a pena não é?
Tanta história em um objeto.
LINDO
ADOREI

Navegante disse...

Amiga, disfruto mucho de la lectura de tus escritos. Es muy grato pasar por aquí, gracias por compartir esas anécdotas familiares tan amenas.
Saludos argentinos.

Liliana G. disse...

Angel, hermosa historia de tu abuela, yo también tuve una nonna venida de Italia (Piamonte) y sé lo duro que fue vivir aquélla época. Por eso tus recuerdos me trajo a los míos.
Besos.

Meus Detalhes Vividos disse...

Lindo Lindo Lindo, a cestinha é uma joia rara Angel, muito emocionante mesmo,..... me fez lembrar algo que ganhei a uns meses atrás e era da minha avó, um lençol em que ela bordou orquideas a mão, ficou guardado por muitos anos e veio parar justo na minha mão, não era muito chegada a minha avó Tereza = Arpálice ( nome de registro em Vigasio), ela era muito brava :)... mas sinto saudades dela, o lençol me trás boas recordações de quando eu tinha uns 5 anos de idade e a via sentada bordando no jardim da casa no bairro em que moravamos... eita tempinho bom demais :)... Beijos ... Beijos e Obrigada Por reviver as minhas memórias e continue escrevendo lindamente como sempre escreve :)...!


Te Adoro!!!

DESESTRESSA MANO disse...

que lindo isso, maravilhoso, nossa sua vó nasceu no mesmo dia que eu, fotos aantigas são lindas tem uma magia que não encontramos mais, que historia linda, obrigado

abraços e obrigado pela visita e comentario em meu blog. volte sempre será bem vinda

Gisele Freire disse...

Puxa vida, que história bonita, fiquei emocionada mesmo. Nossos lembranças são muito importantes pra nossa caminhada.
Obrigada Angel por este texto tão bonito e obrigada tb pela torcida pro Biro ficar melhor :)
Grande abraço!

dapazzi disse...

ES MUY IMPORTANTE CONOCER Y RESPETAR NUESTRASRAICES,A LO MEJOR NO SON OSTENTOSAS, PER SON NUESTRAS Y LAS DEBEMOS RESPETAR.

Anônimo disse...

Ola minha querida amiga
a cada dia que passa o teu blog me dá mais vontade e prazer de ler.
Sobretudo esta ultima postagem sobre os teus antepasados e o que passaram para que o nome deles nunca mais fosse esquecido
Eu tambem como tu prezo muito as minhas raizes
è lindo
Bjssssssssssss

disse...

Que linda a história de sua noninha. Essa cestinha é maravilhosa.
Sabe, meus avos também foram imigrantes, da Itália, da Espanha e da Autria, que belo mistureba nã???
Tenho algumas coisinhas guardadas comigo, que de minha avó, que suas filhas, minha mãe e minha tia não quiezeram, e eu mais do que depressa fiquei com elas, adoro coisas antigas, e elas não. Mas hoje quando as pego vejo com outros olhos, olhos de cultura, olhos de história de vida, em fim, olhos de saudades de um tempo que não volta mais.
Quero também agradecer sua presença lá em casa, mas só vinho agora porque o tempo bem curtinho, minhas aulas começaram (faço pintura)é mais um passa-tempo, mas levo muito a sério.
Venha sempre minha linda eu estou sempre por aqui mas hoje sua história me emocionou e me fez voltar ao passado. Parabéns seus textos são sempre de muito valor eboa reflexõa.
Beijos em seu coração!

Paola disse...

Querido Ángel,
usted sabe, mientras que la lectura del post me sentí un puño en el corazón, pero no de tristeza, pero la felicidad ...
Estoy viviendo con ustedes esta maravillosa experiencia de una memoria de sus antepasados ...
Sólo el pensamiento de poder admirar cada vez y hacer la vida ... el amor con el que se hizo ... No tengo palabras para descrivelo ...
Supongo que tu estado de ánimo ...
CMQ ... usted sabe mi padre nació en St. Paul ... tenemos algo en común ...
Bueno ... ahora te deja un gran abrazo y un beso ... un hola

conduarte disse...

Angela achei vc no Poema do Corvo, de Alan Poe, que maravilha, não? Fiquei impressionada masi uma vez, acredito que sempre ficaremos é como ver um filme que gostamos muito!
vim te conhecer e encontrei aconchego aqui. Vc se parece comigo, adoro a família, sou mãe e minha família por parte de pai, veio da Itália e de mãe, veio de Portugal. São fofos e lutadores... Vão se acabando os mais velhos, indo todos! Nós vamos para lá do meio dele, e nossos filhos são girassóis iluminados pelo SOL e vivem seu momento com energia total. Beijus, CON

conduarte disse...

Ai ai ai, acabei rindo com seu recadinho e comentário no meu blog. Viu só? Temos que ter calma... heheheh Nossos maridos, afinal, podem não serem santos, mas não são cafagestes... Ontém ainda falei com a moça, gerente do nosso banco... Morremos de rir, ela estava mesmo no maior porre e explicou tudinho, coitada. Veja só: Uma amiga estava esperando um novo "ficante" ele não chegava... Ela queria aperta-lo, mas estava com vergonha. Pediu o celular da minha gerente, e em vez de mandar para o cara dela, mandou selecionar tudo... A mensagem que veio para meu marido, foi até para os dois genros dela... E pior, para as mulheres também... kkkkkkkkkkkkkkkkk Foi demais! Ela tava apavorada, com medo até de ser mandada embora kkkkkkkkkkkkk
bjus adorei vc!
Fique com Deus, CON

disse...

Angela,

Prazer de te conhecer, Li o seu artigo falando sobre sua vovó. Ah, magníficas recordações que ficam em nossa memória...Entes queridos que se foram nos trazem boas lembranças. Você me transportou também ao mundo maravilhoso de minha avó.

Beijos,

Teka Neumann

Unknown disse...

Procurando detalhes sobre a cidade de Maccacari, quem seria seu fundador se tem ou não relação com o seu sobrenome, pude encontrar e ler sua linda historia, fiquei emocionado, eu porcuro por parentes naquela região pois sou filho de italianos, meu nome é Nilson Maccacari,boa sorte pra ti.,abraços adorei...prmaccacari@gmail.com

Unknown disse...

Procurando detalhes sobre a cidade de Maccacari, quem seria seu fundador se tem ou não relação com o seu sobrenome, pude encontrar e ler sua linda historia, fiquei emocionado, eu porcuro por parentes naquela região pois sou filho de italianos, meu nome é Nilson Maccacari,boa sorte pra ti.,abraços adorei...prmaccacari@gmail.com

UIFPW08 disse...

Buon otto marzo Angela auguri
Maurizio