Uma mulher sazonal

Sou como as estações do ano.

Sou alegre  como os dias iluminados

e risonhos da primavera.

Tenho os braços sempre abertos

para receber as pessoas

e dar a elas o calor

que emana de minh’alma.

Outros dias sou triste

como uma manhã chuvosa,

onde o céu turvo de nuvens cinzas

embaçam o olhar e  o frio congela

até meus pensamentos

e, então, quero ficar quieta,

reclusa dentro de mim mesma.

Outras ainda sinto o cheiro

do outono em mim,

principalmente quando

encontro meus alunos,

agora já adultos,

escalando seus sonhos

e colhendo sucessos.

São como frutos maduros.

Seu aroma e sua doçura

invade minha alma

e fico feliz por eles.

Pelas sementes que

de alguma forma

reguei e brotaram.

Mas também

tenho a necessidade

do calor do verão,

das paixões,

do afago de mãos quentes,

de sussuros,

de amassos

e dos arrepios entre gotas de suor.

Sou assim,

uma mulher sazonal.

Mas todas elas sou eu

e curto cada uma delas.

Sou sentimento à flor da pele,

sou lágrima pronta a rolar,

sou sorriso à espera,

de um amor

ou apenas de um olhar.

Angela leda