sábado, 12 de setembro de 2009

Dra Rita Levi- Montalcini – um exemplo

A Dra. Rita Levi-Montalcini, concedeu esta entrevista em 22 de dezembro de 2005.

Recebeu o Prêmio Nobel de Medicina  quando tinha 77!!!

Ela nasceu em Turím, Itália, em 1909 e obteve o título de Medicina na especialidade de Neurocirurgia.

rita-levi-montalciniPor causa de sua ascendência judia se viu obrigada a deixar a Itália um pouco antes do começo da II Guerra Mundial.

Emigrou para os Estados Unidos onde trabalhou no Laboratório Victor Hambueger do Instituto de Zoologia da Universidade de Washington de San Louis.

Em 1951 veio ao Brasil, para realizar experiências de culturas em vidro no Instituo de Biofísica da Universidade do Rio de Janeiro.

 

Em dezembro do mesmo ano, a pesquisadora consegue identificaro fator de crescimento das células nervosas (Nerve

Growth Factor, conhecido como NGF). Esta

descoberta lhe valeu, em 1986, o Premio Nobel para

a Medicina, junto com Stanley Cohen.

Entrevista no dia 22/12/2005

- Como vai celebrar seus 100 anos?

- Ah, não sei se viverei até lá, e, além disso, não

gosto de celebrações. No que eu estou

interessada e gosto é do que faço cada dia.!

- E o que você faz?

- Trabalho para dar uma bolsa de estudos

para as meninas africanas para que estudem e

prosperem ... elas e seus países. E continuo

investigando, continuo pensando.

Não vai se aposentar?

- Jamais! Aposentar-se é destruir o cérebro!

Muita gente se aposenta e se abandona...E isso

mata seu cérebro. E adoece.

- E como está seu cérebro?

- Igual quando tinha 20 anos! Não noto diferença em

ilusões nem em capacidade. Amanhã vôo para um

congresso médico.

- Mas terá algum limite genético ?

- Não. Meu cérebro vai ter um século... mas não

conhece a senilidade... O corpo se enruga, não

posso evitar, mas não o cérebro!

- Como você faz isso?

- Possuímos grande plasticidade neural: ainda

quando morrem neurônios, os que restam se

reorganizam para manter as mesmas funções, mas

para isso é conveniente estimulá-los!

- Ajude-me a fazê-lo.

- Mantenha seu cérebro com ilusões, ativo, faça com

que ele trabalhe e ele nunca se degenerará.

- E viverei mais anos?

- Viverá melhor os anos que vive, é isso o

interessante. A chave é: manter curiosidades,

empenho, ter paixões....veja...não me refiro a

paixões físicas especificamente...simplesmente

tenha paixões.

- A sua foi a investigação cientifica...

- Sim e segue sendo.

- Descobriu como crescem e se renovam as células do

sistema nervoso...

- Sim, em 1942: dei o nome de Nerve Growth Factor

(NGF, fator do crescimento nervoso), e durante quase

meio século houve dúvidas, até que foi reconhecida

sua validade e em 1986, me deram o prêmio por isso.

- Como foi que uma garota italiana dos anos vinte

converteu-se em neurocientista?

- Desde menina tive o empenho de estudar. Meu pai

queria me casar bem, que fosse uma boa esposa, boa

mãe... E eu não quis. Fui firme e confessei que queria

estudar.

- Seu pai ficou magoado?

- Sim, mas eu não tive uma infância feliz: sentia-me

feia, tonta e pouca coisa... Meus irmãos maiores eram

muito brilhantes e eu me sentia tão inferior...

- Vejo que isso foi um estímulo...

- Meu estimulo foi também o exemplo do médico

Albert Schweitzer, que estava em África para ajudar

com a lepra. Desejava ajudar aos que sofrem, isso

era meu grande sonho!

- E você tem feito... com sua ciência.

- E, hoje, ajudando as meninas da África para que

estudem. Lutamos contra a enfermidade, a opressão

da mulher nos países islâmicos por exemplo, além

de outras coisas...

- A religião freia o desenvolvimento cognitivo?

- A religião marginaliza muitas vezes a mulher perante o

homem, afastando-a do desenvolvimento cognitivo, mas

algumas religiões estão tentando corrigir essa posição.

- Existem diferencias entre os cérebros do homem e

da mulher?

- Só nas funções cerebrais relacionadas com as

emoções, vinculadas ao sistema endócrino. Mas

quanto às funções cognitivas, não tem diferença

alguma.

- Por que ainda existem poucas cientistas?

- Não é assim! Muitos descobrimentos científicos

atribuídos a homens, realmente foram feitos por suas

irmãs, esposas e filhas.

- É verdade?

- A inteligência feminina não era admitida e era

deixada na sombra. Hoje, felizmente, tem mais

mulheres que homens na investigação cientifica: as

herdeiras de Hipatia!

- A sábia Alexandrina do século IV...

- Já não vamos acabar assassinadas nas ruas pelos

monges cristãos misóginos, como ela foi. Claro, o

mundo tem melhorado algo...

- Ninguém tem tentado assassinar você...

- Durante o fascismo, Mussolini quis imitar o Hitler na

perseguição aos judeus... e tive que me ocultar por um

tempo. Mas não deixei de investigar: tinha meu

laboratório em meu quarto... E descobri a apoptose,

que é a morte programada das células!

- Por que tem uma alta porcentagem de judeus entre

cientistas e intelectuais?

- A exclusão estimula entre os judeus os trabalhos

intelectivos e intelectuais: podem proibir tudo, mas não

que pensem! E é verdade que tem muitos judeus entre

os prêmios Nobel...

- Como você explica a loucura nazista?

- Hitler e Mussolini souberam como falar ao povo, onde

sempre prevalece o cérebro emocional por cima do

neocortical, o intelectual. Conduziram emoções, não

razões!

- Isto está acontecendo agora?

- Porque você acha que em muitas escolas nos

Estados Unidos é ensinado o creacionismo e não o

evolucionismo?

- A ideologia é emoção, é sem razão?

- A razão é filha da imperfeição. Nos invertebrados tudo está

programado: são perfeitos. Nós não. E, ao sermos

imperfeitos, temos recorrido à razão, aos valores éticos:

discernir entre o bem e o mal é o mais alto grau da evolução

darwiniana!

- Você nunca se casou ou teve filhos?

- Não. Entrei no campo do sistema nervoso e fiquei tão

fascinada pela sua beleza que decidi dedicar todo meu

tempo, minha vida!

- Lograremos um dia curar o Alzheimer, o Parkinson, a

demência senil?

- Curar... O que vamos lograr será frear, atrasar,

minimizar todas essas enfermidades.

- Qual é hoje seu grande sonho?

- Que um dia logremos utilizar ao máximo a

capacidade cognitiva de nossos cérebros.

- Quando deixou de sentir se feia?

- Ainda estou consciente de minhas limitações!

- Que tem sido o melhor da sua vida?

- Ajudar aos demais.

- O que você faria hoje se tivesse 20 anos?

- Mas eu estou fazendo!!!!

 

A Dra. Rita Levi-Montalcini

é, desde 2001, Senadora

Vitalícia da República

Italiana, nomeada

diretamente pelo

Presidente Carlo Azeglio

Ciampi.

 

Ela completou 100 anos no dia 22 de abril deste ano e foi homenageada com uma festa pela prefeitura de Roma.

14 comentários:

Mundo Animal. disse...

../’´’´’\
.//^ ^\\
(/(_♥_)\)_______¡HoLa!
._/”*”\_
(/_)^(_\) ANGEL Y SI QUE ES UN GRAN EJEMPLO, SALUDOS

Cris Animal disse...

Essas são as pessoas que fazem o mundo ainda refletir a esperança que guardamos no coração. Anjos, mesmo!
Aqueles que vêem o mundo além de suas janelas e portas.

Beijos

EDUARDO POISL disse...

"Que seja eterna a vitória dos seus dias,
mesmo quando eles lhe derem
a impressão de fracasso.
E nunca se esqueça que atrás das nuvens
sempre existirá sol."

(desconheço o autor)

Hoje passando para desejar um lindo domingo com muito amor e carinho
Abraços do amigo Eduardo Poisl

Nilson Barcelli disse...

Conhecia muito mal a Dra Rita Levi.
A entrevista é fabulosa.
Querida amiga, obrigado pela partilha.
Bom Domingo.
Beijo.

~*Rebeca*~ disse...

Angela,

Uma lição de vida emocionante essa. Parabéns pelo belo post.

Beijo grande, menina linda.

Rebeca

-

Hod disse...

Brilhante Entrevista. Já conhecia a Pesquisa da Drª Rita Levi Montalcini. Na entrevista chama atenção para...
"..- Não. Meu cérebro vai ter um século... mas não conhece a senilidade..O corpo se enruga, não
posso evitar, mas não o cérebro!"

Forte Abraço Angel com muitas bençãos!! Alôha.

Hod.

Jacque disse...

Tenho uma Bonequinha da Sorte para amigos e seguidores, no Blog: PRA VPCÊ COM CARINHO.

Beijo.

Jacque

amatamari© disse...

Grazie, è un esempio per tutti noi.
Ed è incredibile che per poco la sua fondazione di ricerca si ritrovasse senza sede a causa di uno sfratto.
Il motivo: semplice, l'Italia non finanzia la ricerca.
:-(

Anônimo disse...

Minha querida o meu comentário hoje é muito silêncioso.
Beijo em seu coração.
Franciete.

LC disse...

UAL
Um dos grandes presentes de seu blog Angel.
Obrigada por compartilhar essa maravilhosa lição de vida.
E eu aqui com preguiça de estudar, que vergonha de mim, mas tudo bem ainda é tempo então vou estudar AGORA mesmo e não deixar meu cerebro envelhecer.

Alfonso disse...

saludos angel es maravilloso llegar a esa edad es un hermosa pg te felicito procurare entrar mas seguido y visitar tu espacio besos

Luma Rosa disse...

Tá vendo! Tá vendo!! Manter o pé sempre no chão não é bom, adoece!! Bora sonhar, ter ilusões?

Adorei a entrevista e mostrei pra todo mundo que estava na minha sala! Muito bom encontrar pessoas que encaram o trabalho como estímulo para se manter participativo na vida! Sou contra aposentadorias! As pessoas quando chegam em uma idade para contribuir intelectualmente, aposentam? Não é certo!

Bom fim de semana! Beijus

Elaine Gaspareto disse...

Olá!
Este é um comentário-lembrete:
Amanhã, dia 20 de setembro, é o dia da Blogagem Coletiva Uma carta para mim em comemoração ao 1º aniversário do meu blog.
Como seu blog é um dos inscritos estou passando para lembrar.
Espero por você!
Elaine

Tathiana disse...

Cheguei aqui por indicação da Luma e adorei a entrevista! Um verdadeiro exemplo.
BJs.